terça-feira, 23 de outubro de 2007

Conforto da natureza


© Camila Rocha

Camila Rocha (São Paulo, 1977) vive e trabalha entre o Brasil e a Turquia (Istambul). O seu trabalho tem vindo a ser reconhecido especialmente pela participação em residências artísticas, como a que fez em Helsínquia. Em Lisboa, apresenta agora duas obras em suportes diferentes, audiovisual e desenho.

No vídeo Carinho de Planta (2004), de que reproduzimos em cima um fotograma, vê-mo-la a afagar - e a ser afagada por - um enorme molho de juncos em ambiente nocturno. As imagens são acompanhadas por alguns segundos do tema instrumental Tick eats the olives, de Devendra Banhart (considerado autor "naturalista"), numa versão do músico e compositor turco Murat Opus.



© Camila Rocha

Aproveitando a luz natural da galeria, e a parede de vidro através da qual ficamos em contacto visual com o jardim exterior da Fundação Calouste Gulbenkian, Camila instalou, sobrepondo, o que concebeu como parte de um Jardim de Nova Espécies de Plantas (2006), projecto que tem vindo a desenvolver nos últimos anos. A artista cria assim aquilo a que os curadores chamam «um jogo de confronto entre duas produções culturais».

E Lúcia Marques, no catálogo, escreve:

«(...)As suas propostas artísticas [de Camila Rocha] têm revelado uma atenção especial à circulação de motivos e temas ligados a um mundo vegetal em vias de extinção, assinalando a sobrevivência contemporânea desse universo de referências sobretudo no plano das imagens.(...)»

6 comentários:

Anónimo disse...

... des rapports heureux ...

Anónimo disse...

faire mal/faire du bien
Rêveur,"Conforto da natureza" touche "là où ça fait du bien".

Anónimo disse...

DESTE MODO OU DE QUALQUER OUTRO


A doçura da erva
alta
como cantar ao crepúsculo,

deste modo ou de qualquer outro,
cego de procurar nos flancos
os vestígios do lume

deixa-me dizer : quando a pedra
do verão era água
na tua boca
o meu nome era um barco,

sobre os ombros a
noite nua
no coração o rouxinol
da bruma,

éramos nós meu amor éramos nós,
ninguém nos via,

essa música

onde a terra respira.

Eugénio de Andrade, Poesia, Fundação Eugénio de Andrade, 2000, p.186.
gf

Anónimo disse...

"Carinho de Planta"
muitos em pequenos papelinhos escondidos pelos dois para serem desco(a)bertos(?) longe
do amor.

Anónimo disse...

Coisa Boa de Oiá

" Êta que oiázim dengoso,
Que jeitim manhoso
Bom de carinhá! ..."

Socorro Lira, numa "cantoria",
esta tarde, num espectáculo em França, em português do Brasil,
b em carinhoso.

Anónimo disse...

TRINITE, QUADRINITE

Menthe crepue, menthe, crépue,
poussant devant la maison.

Cette heure, ton heure,
son dialogue avec ma bouche.

Avec la bouche, avec son silence,
avec les mos qui se refusent.

Avec le large, avec l'étroit,
avec les proches déclins.


Avec moi seul, avec nous trois,
a demi-liés, à demi dans l'ouvert.


Menthe crépue, menthe, crépue,
poussant devant la maison.

Paul Celan, La rose de personne, Seuil, 2007, p.19.