quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Entre o amor e o ódio



Eduardo Sarabia (Los Angeles, 1976) vive em Guadalajara há alguns anos. A obra que criou em 2005 e que agora expõe em Lisboa, A Thin Line Between Love and Hate (30 vasos de cerâmica pintados à mão e embalagens de cartão), surge na sequência de outros trabalhos - entre os quais Salón Alemán, um bar em Berlim onde servia tequila que ele próprio destilava - relacionados com a cultura tradicional mexicana, que Sarabia cruza com referências aos circuitos de distribuição paralelos, vulgo contrabando.

Produzidas de forma artesanal numa zona do centro do México, as peças que constituem esta instalação apresentam ilustrações de substâncias ilegais (como se vê pela fotografia) e outros detalhes que remetem para o mercado negro, que substituem os desenhos típicos a azul e branco na porcelana.


Tequila Sarabia (Blanco, Reposado, Añejo)
2003-2005

«Sarabia’s convergence of arts and crafts with high art is temporal as it is geographical. His finely executed ceramic vases that are displayed on wooden boxes with silkscreen advertisements of fruit companies are a global palimpsest and contemporary riff on Mexican Talavera pottery. Talavera is an historical amalgam of pre-Hispanic, Spanish and Mudéjar influences and this style is updated in Sarabia’s sculptures with a verve that does not sacrifice poetic criticality for aesthetics. Not only do his works have an affinity with Andy Warhol’s simulacrum wooden Brillo Boxes, but they also update the Argentine art critic Rafael Squirru’s commentary on the hegemonic nature of North American Pop art with its transcontinental links to global socioeconomic circuits. Whereas Warhol emptied the Pop art signifier of meaning, Sarabia reinserts it with a critical and political vengeance.»

Mais imagens de trabalhos deste artista no site da galeria nova-iorquina I-20.

5 comentários:

Anónimo disse...

uma farmacopeia do inferno

Anónimo disse...

"Entre o amor e o ódio"

O amor:
" les objets qu'on juge beaux sont des versions des gents qu'on aime "

Alain de Botton," L'architecture du bonheur (the architecture of happiness), 2007

Anónimo disse...

erratum: gents / gens

Anónimo disse...

Um belo e(feito) - UAdA e a Íris azul de Fez

" Um atlas de acontecimentos » é uma exposição notável. Entre muitas outras virtudes revela-se capaz de nos educar. Com os trabalhos que seleccionou de todo o mundo, apresenta a descoberta de jovens artistas que conjugam « criar beleza » e « cuidar » da « sua » Terra.
Acordei para este ensinamento quando me vi atenta a manifestações que antes de UAdA não valorizaria.
Dou um exemplo:

Yto Barrada (Paris, 1971), fotógrafa, apresenta neste momento na Galerie Polaris, Paris, "Irís tingitana, la botanique du pouvoir", « des images lumineuses et sensibles, capturées dans des lieux encore préservés de l'urbanisation de Fez, (Tanger) toutes les espèces menacées et leur nom latin. Un petit film montre des botanistes en admiration devant des trésors invisibles aux yeux des gens normaux".

Esta notícia ter-me-ia deixado talvez indiferente há uns tempos atrás. Agora, ao lê-la, tinha " um atlas de acontecimentos" a iluminá-la. Um belo e(feito). UAdA ilumina as « suas » obras e as dos outros.
Pela mão de " um atlas de acontecimentos" passamos, nem que seja por instantes, de « des gens normaux" a pessoas especiais.

mdgtf

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com mdgtf. Mais do que aquilo que mostra, esta exposição ajuda-nos a desenvolver um olhar mais maduro (mais profundo e reflexivo) sobre o mundo, as tensões, o tempo, o outro e portanto, necessariamente, sobre nós próprios.
Continue EdM.

MJH