terça-feira, 7 de agosto de 2007

Desafios


© Henrique Figueiredo

O programa Sítio das Artes, que decorreu entre 4 de Junho e 28 de Julho no CAMJAP, continha as premissas do Fórum Cultural O Estado do Mundo, do qual, aliás, fazia parte, e pressupunha ainda a criação, produção e reflexão sobre aspectos relacionados com a contemporaneidade, no que diz respeito à criação e à relação desta com o espaço museológico, aos desafios que se colocam hoje aos artistas contemporâneos, na sua relação com o passado histórico (neste caso a presença da Colecção de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian poderia ter sido um ponto de partida para a elaboração retórica ou produtiva), o desafio à convivência entre múltiplos géneros artísticos, etc.. Duas outras condicionantes fundamentais no figurino desta residência de artistas, ambas aceites pelos artistas no momento da sua candidatura e da selecção, decorriam da residência pressupor um horário limitado de abertura ao público para um trabalho de pedagogia e de comunicação (a que acabariam por se furtar muitos dos artistas) e também um conjunto de limitações específicas daquele que é um museu de arte moderna e da sua organização. De qualquer forma, quer a bolsa de produção atribuída a cada um dos artistas quer um conjunto de apoios técnicos e de produção viabilizaram os trabalhos de criação ou os processos mais ou menos conseguidos. Acresce ainda que ao longo dos dois meses os artistas tiveram a possibilidade de frequentar masterclasses e serem tutorizados por um conjunto invulgar de personalidades fundamentais para a compreensão do contemporâneo.

A 28 de Julho, dia do Open Studio, os artistas apresentaram o que foi o seu trabalho, foram visitado por mais de 700 pessoas (ao longo dos dois meses 4352 pessoas passaram pelo Sítio das Artes) e na expectativa de que possa haver um debate público continuado, publicamos a crítica de Tiago Bartolomeu Costa publicada no jornal Público de 30 de Julho e também uma carta de Vera Santos (coreógrafa-bailarina em residência), em resposta a esta crítica.

APR

Imagem: Um "retrato de família ao vivo", criação de Miguel Bonneville (Performance) apresentada no Open Studio de 28 de Julho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Desafios
Disse alguém que o encontro entre duas pessoas é sempre um desafio àquilo que há de mais verdadeiro em ambas...

Desafio sim, mas pode acontecer ser agarrado de forma desigual.
Intolerância à turbulência emocional,abandono da partilha, recusa de se ver?
"Sim à vezes há dias tristes"...

Anónimo disse...

Os princípios e os fins
Leitura sublinhada
APR com a clarividência, honestidade, clareza ( por esta ordem) que o caracterizam, re-lembra neste "Desafios" os princípios", os das ideias e os do "gesto" que permitiram o Sítio das Artes. TBC re-lembra os princípios (todos) e os "fins" da festa e os resultados. Deixa de lado o acontecer, como o lembra a resposta de uma das artistas.
Nós que fomos acompanhando( por aqui) o de-correr admiramos o "princípio" e o " gesto". Quase sempre nos entusiasmámos com o trabalho dos artistas que as "conversas" iluminavam.

Ao lermos no final, TBC não pudemos, no entanto, deixar de concordar com a " leveza" ( deixo assim) desta juventude.
É verdade que algumas vezes os trabalhos se apresentaram como brincadeiras saborosas, cheias de imaginação - mas a brincarem sozinhos...

APR põe aqui a questão no lugar:

os princípios são irrefutáveis;
todos deram conta de si - os "gestos" claramente conseguidos: Programador, artistas, público.
E agora no final, o que guardar?

Fale quem viu.
Que o debate comece.
É isso que faz falta e APR lança esse apelo.
Ele que o inicia, promove, pratica, que lhe d´a espaço.

V. in "Abrigos", Cotovia", 2004, o lugar que VGMoura ocupa nesta obra.

Anónimo disse...

Abrigos...

O Sitio das Artes foi a amostra concreta do que pode ser um "abrigo" da cultura, uma experiência nova em Portugal que talvez so a FCG tenha possibilidades, que he vêm da sua natureza, de conceber e oferecer.

Mas uma coisa é certa, pelo menos sentimo-lo assim, O Museu de Arte Moderna da Fundação vai ficar diferente. Por ele passou a vida, a energia de todos o que imaginaram "o museu provavelmente em construção" e essa energia, a da cultura, vai dar frutos, dentro e fora do Museu.
O Estado do Mundo foi um grande " abrigo" convocador de ideias, energias, que durante um ano se juntaram pela mão da Fundação para dar "abrigo" ao Mundo, todo o mundo, e esse movimento não vai parar...

continuação...