sexta-feira, 27 de julho de 2007

Lei de Incentivo


© Henrique Figueiredo

Juliana Penna (Uberlândia, 1976) dança, canta MPB e tem na poesia concreta uma importante referência artística. Gosta de «brincar com o som das palavras, de fragmentá-las e de trabalhar a sua configuração poética».

Natural de Minas Gerais, no Brasil o seu ganha-pão é dar aulas. Como artista, é independente e vive em Uberlândia, que, explica-nos, em termos institucionais «está fora do eixo Rio-São Paulo.» Só há relativamente pouco tempo, quando foi dançar a Belo Horizonte, ficou a par do funcionamento dos «orgãos de fomento» que aplicam as leis de incentivo às artes no seu país - equivalente da Lei do Mecenato, em Portugal. Surpreendeu-a o facto de muitos artistas sobreviverem apenas «disso». Interessa-lhe explorar o tema dos apoios à arte contemporânea, a relação dos artistas com as instituições, e esta foi a base para desenvolver o seu projecto no Sítio das Artes.

Gentilmente, fez só para nós uma apresentação de FOMEN TO ME, o espectáculo que resulta da sua residência no CAMJAP (e que será apresentado ao público amanhã, às 13:00, com repetição às 17:45). Revela-se aqui um pouco do que acontece em palco: sem acompanhamento instrumental, a sua voz desconstrói a canção Desafinado, de Tom Jobim. As facas que espalha pelo chão com vigor são «metáforas dos caminhos que se abrem, dos riscos que se correm.» Depois os movimentos centram-se no Braço, que sempre trabalha. E o concretismo: jogando com a repetição, ouvimo-la dizer (ou cantar) «sem a arma do braço», «armado», «sem ar...»

1 comentário:

Anónimo disse...

Joguinho doce...

"...E o concretismo: jogando com a repetição, ouvimo-la dizer (ou cantar) «sem a arma do braço», «armado», «sem ar...»

Um "joguinho" de palavras muito brasileiro, charmoso em bocas que sabem "dizer" assim.
Mestres no exercicio de uma sedução doce, certos do efeito junto de " anjos mudos " - outro "jeito" de estar e seduzir...