sexta-feira, 15 de junho de 2007

Todos somos fotógrafos dos nossos mundos

No blogue Câmara Clara (que não tem qualquer ligação com o programa da RTP2):

Ensaio, um espectáculo na Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do Fórum Cultural O Estado do Mundo, onde a fotografia é a personagem principal.Os textos de Susan Sontag servem de pretexto (ou hipertexto) para um discurso sobre a fotografia, onde a encenação funciona ela própria como objecto e sujeito da revelação fotográfica. Se no início do percurso proposto a fotografia não tem moral, porque pode mentir, porque revela uma realidade oculta, quase imperceptível ao olhar, no final torna-se (afinal) imoral porque veicula a realidade que todos preferíamos ocultar. Da fotografia como arte, porventura ingénua, passamos para a fotografia como reportagem, eventualmente comprometida, na qual o fotógrafo corre o perigo de se transformar em cúmplice ou mesmo agente das atrocidades que revela.

A fotografia pode delimitar o mundo, diminuir-lhe os sentidos possíveis, tal como pode ampliá-lo, trazer-lhe novas interpretações e dimensões, mas uma coisa é certa, ninguém resiste à fotografia e ao seu poder. Todos somos fotógrafos dos nossos mundos.

Um espectáculo obrigatório.


RHG, 14/06/07