quinta-feira, 14 de junho de 2007

Íris

Comentário enviado por Maria José Fazenda:

Talvez não conheçamos todas as convenções que presidem à construção de um espectáculo Nô, mas em Kakitsubata, a proximidade entre "performers" e espectadores, a clareza de exposição, o rigor da realização e a beleza dos seus elementos — gestos, movimentos, música, texto — envolvem-nos activamente. A não perder!

Últimas apresentações da Companhia Sakurama hoje e amanhã, no Palco do Grande Auditório, às 21h30.

2 comentários:

a morgadinha disse...

Esta experiência é comparável a ir a um museu em Londres ver esculturas de atletas gregos ou faraós egípcios. Só que neste caso falamos de tesouros no espólio das artes do espectáculo, ou seja, eles existem porque há uma actividade real que ainda hoje os executa e chegam até nós porque são temporariamente transportados num processo moderno de compra e venda. Esta peça revela-nos atitudes totalmente contrárias aos hábitos da nossa sociedade– uma expressividade muito contida, uma fortíssima hierarquia (que até me arrepia, mesmo aceitando a importância da cerimónia), a total cobertura e máscara do corpo, uma duração contemplativa.
O embate é inevitável e a estranheza é uma reacção natural. Confrontamo-nos não só com um contexto cultural mas também realidade temporal absolutamente distantes. Essa entrada do passado em cena, pelas mãos de um cultura tão cheia de contradições como é a japonesa, tem um valor específico no contexto deste fórum cultural.
É um excelente rastilho para conversas, por exemplo, sobre a diversidade do olhar e reacções do espectador: cumplicidade perante uma realidade onde se reconhece; curiosidade perante um exotismo afamado; repúdio diante de um testemunho que lhe traz sentimentos de culpa; ou até indiferença quando, independentemente do que está à sua frente, não tem disponibilidade para permitir o diálogo que uma obra de arte estabelece.
“As Íris” representa também uma homenagem. O seu papel no Estado do Mundo pode ser visto como um sinal sobre um lugar que convém proteger para a poesia na nossa vida, para sempre.

merdinhas disse...

Esgotado...