segunda-feira, 21 de maio de 2007

Woman on the beach


Ontem, no Grande Auditório

Filme repleto de sinais, filme constelação com um núcleo denso e à beira de explodir em cada cena. Nesse pequeno núcleo constituído pelo triângulo está lá tudo sobre a sexualidade contemporânea e, de uma forma está centrípeta. Repare-se que não há praticamente outras personagens? Mesmo se o filme se passa numa estação de veraneio? Este triângulo "dispara" energia em todas as direcções e alguma provoca o ricochete, ou o sentimento de abandono se lhe quisermos dar um nome justo. Na sua enorme estranheza e densidade psicológica, o filme poderia evocar Bergman. Hong Sang-soo, um Bergman coreano do século XXI?

APR

3 comentários:

Anónimo disse...

Um triângulo?... Vários triângulos que se formaram em torno de um mesmo vértice que funcionava como epicentro em espiral - aglutinador e possessivo - para onde convergiam elementos semelhantes considerados, temporariamente, úteis. Acerca do egoísmo de um homem incapaz de amar, refugiado no conveniente subterfúgio de traumas passados. Sobre um homem que merecia ficar só e sobre a tendência das mulheres para o perdão e para a crença na recuperação de casos inevitavelmente perdidos.
Sobre a escrita do argumento de um filme que impulsionou a manipulação de personagens reais.
Sexualidade contemporânea ou o estado em que se encontram os nossos corpos num mundo onde desesperadamente procuramos aclamá-los subvertendo-os?
A excitante ilusão do descartável.

Anónimo disse...

«war and peace» foi para mim o filme que mais interessante até agora, excelente documentário

Anónimo disse...

admiramos a concisao a justeza das palavras de APR, o seu estilo despojado, sem enfeites. quando nao se frequenta, pode parecer seco, sem vida. mas nao é verdade. é preciso ler e voltar atràs. e entao as palavras de todos os dias ganham o seu sentido, voltam a ser bonitas. ele procura que as palavras simples voltem a dizer. (re)tira-lhes o uso.
é muito agradavel constata-lo.

os poetas procuram sentidos diferentes com as palavras que temos. APR vai por outro caminho, procura que as palavras se dispam da usura da "babouillage"...

por isso é incompreensivel, imperdoavel quase, a interrogaçao com que termina o texto: " HSS, um Bergman Coreano?"

sim, estamos a ser demasiado exigentes, nem ele quer decerto ser perfeito e também é melhor que nao o seja, mas estraga o gosto..