quinta-feira, 12 de julho de 2007

Inscrição


© Henrique Figueiredo

Como primeiro input para a sua residência no Sítio das Artes, Ana Trincão (Lisboa, 1981) apelou desde logo à participação dos visitantes no CAMJAP. A Associação de Turismo de Lisboa tinha-lhe fornecido mapas da cidade e Ana foi pedindo às pessoas que assinalassem o caminho que cada uma percorre com mais frequência dentro da capital. Da sobreposição de vários destes registos resultou o quadro que reproduzimos acima: uma confluência de percursos.

Ana Trincão começou a dançar cedo, aos 5 anos, e isso nota-se na sua agilidade e nos movimentos alongados. Posteriormente estudou Artes Plásticas. Hoje em dia trabalha na área da instalação e da performance.

«Como é que um corpo pode ser inscrito e de que modo pode essa inscrição ser universal?» - é esta a orientação que Ana está a seguir no seu trabalho em residência. Enquanto falamos, vai pegando em pequenos objectos que tem à volta e explica que é daí que parte o processo coreográfico. No chão, por exemplo, há um monte de embalagens com pastilhas elásticas, cujo interior também oferece pequenos papéis para fazer tatuagens. Tem usado isso nas performances que tem feito nas últimas semanas, como «inscrição» no corpo e no espaço. Procura fazê-las de forma aberta, pois apesar de haver uma coreografia pensada, o resultado final da performance - uma instalação - nunca resulta no mesmo. A temática que pretende abordar é vasta: refere a Anatomia, Respiração, Alimentação, Dejectos, Lixo, Caos, Morte... tudo aquilo que nos inscreve.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sinais

Nao quero ficar. Quero estar. Receber. Ter sinais.

Anónimo disse...

Caminhos

o meu fio de oiro no teu chão
queria sentir os teus pés
ser a ervilhinha
no leito da princesa
impedir-te de dormir
ser o sinal
que te revela
príncipe.

16/07/07

Anónimo disse...

Nota:
"A princesa ervilha"
de Andersen, Hans Chris
recenseador: António Couto Viana
http://www.leitura.gulbenkian.pt

Anónimo disse...

Caminhos 2

Kafka conta que quando se cruzou a primeira vez com A, ele inclinou-se tao profundamente que os seus belos cabelos compridos esconderam-lhe o rosto. Kafka pensou – o que viu ele em mim para me tratar com tanta delicadeza?
Quando K procura os olhos de A vê que ele é cego !