quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Tensão



Mircea Cantor, Deeparture, 2005
2’43, transcrição 16mm para BETA digital, cor, s/som
© Mircea Cantor / Cortesia do artista e Yvon Lambert Paris, Nova Iorque


O que acontece quando o romeno Mircea Cantor (Oradea, 1977) filma um veado e um coiote encerrados num cubo branco?

«(...)A sequência não tem um final sangrento; o coiote não está a atacar o veado; na verdade, trata-se mais de uma dança entre os dois animais, muito embora a tensão entre a presa e o predador se sinta sempre no ar. Ao contrário de alguns críticos, que relacionam a sua obra com os três dias que Joseph Beuys passou numa galeria com um coiote – I like America and America likes me (1974) –, Cantor afirma que a sua obra não é um remake, nem uma homenagem, e que não tem nada a ver com crítica institucional.
O modo como Cantor transforma o cubo branco e introduz nele a ideia de uma força evolutiva parece ser a dinâmica básica do seu trabalho. As duas figuras (coiote e veado), como os dois pólos de uma metáfora (ou os dois símbolos de qualquer espécie de dicotomia na Terra), funcionam como uma escala para o público escolher uma postura/opção entre a vida e a morte, a sobrevivência ou o altruísmo, a natureza ou a imaginação... etc.»

Adnan Yildiz, do catálogo da exposição Um Atlas de Acontecimentos.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Tensão"

"O que acontece quando o romeno Mircea Cantor (Oradea, 1977) filma um veado e um coiote encerrados num cubo branco?"

Retorica. E isso que acontece. Nao se vê que outra coisa possa acontecer. Deviam estar anestesiados pelo branco da caixa e da luz. Pelo olho da maquina e do realizador. Com medo de ambos, dos homens. Deve ter sido assim que tudo se passou. Agora nao se passa nada. De fora so Deus. Nos todos em caixotes, à espera de quê?
Ora, que alguém olhe para nos.
é por isso que eu quero ir ver UAdA para me sentir como uma boneca russa, a mais pequenina, aliviada das grandes, e ficar um instante exposta sem a-tensão.