segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Frequência morta


100 Rádios Mortos, instalação de Rui Toscano. Fotografia de Pauliana Pimentel,
com visitante no dia da inauguração.


Nos anos 90, Rui Toscano (Lisboa, 1970) explorava referências da cultura rock juvenil e urbana, como na obra Bricks Are Heavy (1994)- vários "tijolos" a tocar em simultâneo cassetes com gravações que artistas, músicos e dj's gravaram expressamente para o efeito - e também numa instalação que realizou no ano seguinte, They Say We’re Generation X, But I Say We’re Generation Fuck You!, onde outros tantos rádio-gravadores alinhados na parede compunham a letra X e reproduziam uma frase exclamada por um MC num concerto da banda hip-hop/rap Cypress Hill. No site do projecto madeirense Porta 33 encontramos um texto onde se relaciona o trabalho de Rui Toscano com «economia de meios expressivos» e onde se diz haver «fortes afinidades formais com o minimalismo».

Em 2007, António Pinto Ribeiro considera que, com a instalação 100 Rádios Mortos, o artista «intervém ferozmente contra a implantação dos media no nosso quotidiano.»

E explica o que vê nesta obra: «(...)o som de uma frequência morta, no limiar da percepção auditiva, exactamente contrário à produção do ruído espectacular comum aos media.»

2 comentários:

Anónimo disse...

"Frequência morta"
...o som de uma frequência morta, no limiar da percepção auditiva...
APR

Soa-nos assim:

"O mundo das obras de arte (e aqui falo principalmente das obras literárias), só o sinto verdadeiramente próximo de mim quando se abre ou predispõe à expressão tensa da realidade. (...) comunicação organizada e estilisticamente nova do que explode dentro e fora de quem escreve, de quem se esmaga nas palavras que tenta usar. Quando procura ser um alicerce, ainda que não reconhecido por quase ninguém, de um sentido que combate, testemunha o combate, faz do quase impossível a procura do seu breve bem."
Joaquim Manuel Magalhães, publicado no suplemento Actual do Expresso de 27.10.07

Anónimo disse...

Sim. O som perfeito "de quem se esmaga nas palavras que tenta usar. "
O resto é ruído.