O Jardim do Mundo encerra hoje as suas actividades, é fim de tarde; os monitores das oficinas criativas começam a arrumar os utensílios, dobram os aventais, metem nas malas as tintas, rolos, papéis. Sobre a relva fresca há ainda muitas pessoas deitadas saboreando o fim da tarde; a Pauliana tira as últimas fotografias defronte aos painéis da sua instalação "Come as you are". Uma família de patos nada no lago alheia a este reboliço de gente que aqui passeou durante seis fins-de-semana. Junto ao quiosque dos jornais, as almofadas não chegam para todos os que ainda ali querem ficar mais umas horas, aguardando talvez o último concerto da Orquestra Gulbenkian no anfiteatro ao ar livre. Os toldos com os tecidos vindos das Índias e das Áfricas (assim no plural porque ambos os continentes são muito diversos e múltiplos), esses, ficarão por mais uns tempos resguardando do calor do sol de Verão os amantes deste jardim.
APR
Fotos de Henrique Figueiredo (instalação de Pauliana Pimentel) e de Pedro Gonçalinho (concerto da Orquestra Gulbenkian)
domingo, 8 de julho de 2007
Últimas impressões
Publicada por EdM à(s) 19:14
Etiquetas: O Jardim do Mundo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
7 comentários:
Melancolia: fim de tarde no jardim...
"Os toldos ... esses, ficarão por mais uns tempos resguardando do calor do sol de Verão os amantes deste jardim."
Res(guardar), tomar cuidado = "O Estado do Mundo"
Melancolia
Jardins do mundo...
"... Quando abandonámos toda aquela calma dirigimo-nos para Sul, atravessando primeiro a Rua da Seda, depois a Rua do Algodão e, finalmente, a Rua das Livrarias. (...)A meio da tarde passámos pelo mercado Dong Xuam para comprar ananases e lichias. Percebi então, àquela hora em que o mercado começava a fechar, porque é que, no Vietname, para explicar o estado de melancolia, se usa a expressão: ‘o mercado ao fim do dia ".
L'invitation au voyage
Mon enfant, ma soeur,
Songe à la douceur
D'aller là-bas vivre ensemble !
Aimer à loisir,
Aimer et mourir
Au pays qui te ressemble !
Les soleils mouillés
De ces ciels brouillés
Pour mon esprit ont les charmes
Si mystérieux
De tes traîtres yeux,
Brillant à travers leurs larmes.
Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Des meubles luisants,
Polis par les ans,
Décoreraient notre chambre ;
Les plus rares fleurs
Mêlant leurs odeurs
Aux vagues senteurs de l'ambre,
Les riches plafonds,
Les miroirs profonds,
La splendeur orientale,
Tout y parlerait
À l'âme en secret
Sa douce langue natale.
Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Vois sur ces canaux
Dormir ces vaisseaux
Dont l'humeur est vagabonde ;
C'est pour assouvir
Ton moindre désir
Qu'ils viennent du bout du monde.
- Les soleils couchants
Revêtent les champs,
Les canaux, la ville entière,
D'hyacinthe et d'or ;
Le monde s'endort
Dans une chaude lumière.
Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Charles Baudelaire
"...Saí do teatro e vagueei pelas ruas quentes, húmidas e escuras de Hanói saboreando a expressão “mercado ao fim da tarde”."
Antonio Pinto Ribeiro, "Melancolia - Notas de Viagem", Ambar, 2003
"Os toldos com os tecidos vindos das Índias e das Áfricas (assim no plural porque ambos os continentes são muito diversos e múltiplos), esses, ficarão por mais uns tempos resguardando do calor do sol de Verão os amantes deste jardim."
O toldos de que os am ant es do jardim jà têm saudades e nao querem deixar partir...
O Jardim do Mundo como a ilha do poema:
Domingo, 10 de Junho de 2007
Sem título
... o vermelho rubro das papoilas ...
APR
“Um poema longo e complexo que tinha uma ilha proibida lá no meio”
No meio a
recompensa
do Amor
no poema e no Jardim dos
am ant es
" Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo."
Canto IX,83
Enviar um comentário