segunda-feira, 11 de junho de 2007

Naturalmente

A propósito de Desempacotando a minha Biblioteca:

«Estás prestes a começar a ler o novo romance Se numa noite de Inverno um viajante de Italo Calvino. Descontrai-te. Recolhe-te. Afasta de ti todos os outros pensamentos. Deixa que o mundo que te rodeia se esfume até se tornar indistinto. A porta é melhor que a feches; a televisão está sempre ligada. Di-lo já, aos outros: "Não, não quero ver televisão!" Levanta a voz, se não não te ouvem: "Estou a ler! Não quero ser incomodado!" Talvez não te tenham ouvido, com todo aquele barulho; fala mais alto, grita: "Estou a começar a ler o novo romance de Italo Calvino!" Ou então se não queres dizer não digas; esperemos que te deixem em paz.
Toma a posição mais cómoda: sentado, estendido, enroscado, deitado. Deitado de costas, de lado, de barriga para baixo. Na poltrona, no divã, na cadeira de baloiço, na espreguiçadeira, no pouf. Na maca, se tiveres uma maca. Podes também pôr-te de cabeça para baixo, em posição de yoga. Com o livro ao contrário, naturalmente.(...)»

Italo Calvino, Se numa noite de Inverno um viajante, Vega, Lisboa, 3ª edição (sem data)

APR

1 comentário:

Anónimo disse...

‘Se una notte d’inverno un viaggiatore’ ...sul piacere di leggere romanzi...

«un romanzo tutto sospetti e senzazioni confuse/ uno tutto senzazione corpose e sanguigne/ uno introspettivo e simbolico/ uno rivoluzionario esistenziale/ uno cinico-brutale/ uno di manie ossessive/ uno logico e geometrico/ uno erotico-perverso/ uno tellurico-primordiale/ uno apocalittico-allegorico.(...) Pure in qualche momento mi sono sentito come attraversato dall’energia creativa di questi dieci autori inesistenti. Ma sopratutto ho cercato di dare evidenza al fatto che ogni libro nasce in presenza d’altri libri»

(I. Calvino, Il libro, i libri, «Nuovi quaderni italiani», Buenos Aires, 1984, p19).